Os moradores de qualquer cidade de Mato Grosso do Sul, inclusive da capital, Campo Grande, podem estar muito mais próximos da realidade de países como México e Colômbia retratada em séries de narcotraficantes das plataformas de streaming do que imaginam.
As investigações revelam chefões do tráfico de cocaína tramando execuções, membros de organizações criminosas eliminando traidores e "queimando arquivos".
O Correio do Estado teve acesso a várias investigações sigilosas conduzidas pela Polícia Federal e pelo Grupo de Atuação Especial na Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).
As informações mostram que, entre os traficantes que operam em Mato Grosso do Sul, estão pessoas de classe alta, policiais do estado e de estados vizinhos, além de indivíduos infiltrados em empresas de boa reputação.
Esses traficantes usam caminhões aparentemente legítimos, de empresas como distribuidoras de óleo de soja, bebidas e produtos do agronegócio, para transportar cocaína para grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro.
As investigações também mostram uma mudança significativa: os traficantes estão trocando a maconha pela cocaína.
Consequentemente, as punições contra aqueles que perdem suas cargas em apreensões têm sido mais severas, com muitos pagando com a vida, uma vez que os carregamentos de cocaína têm um grande valor financeiro.
As operações deflagradas neste ano têm revelado a complexidade das organizações de tráfico na sociedade local. Na Operação Snow, deflagrada pelo Gaeco em 21 de março, pelo menos três policiais civis foram investigados ou denunciados por envolvimento com uma quadrilha de traficantes.
Entre eles estavam Célio Rodrigues Monteiro, de Campo Grande, e Anderson César dos Santos Gomes e Hugo César Benites.
Esses policiais estavam supostamente ligados a um grupo que enviava drogas para São Paulo, Rio de Janeiro e possivelmente outros países via portos paulistas e cariocas.
Os carregamentos de cocaína eram transportados de Mato Grosso do Sul para São Paulo em caminhões de empresas de distribuição de bebidas.
Um dos líderes do grupo, Douglas Lima de Oliveira Santander, conhecido como Dodô, está sendo acusado de homicídio doloso pela execução de Cristian Alcides Lima Ramires, ocorrida em 21 de outubro de 2022.
Outro réu pelo mesmo assassinato é Christian Queiroz de Oliveira, que veio do Rio de Janeiro exclusivamente para realizar a execução mediante pagamento de R$ 4 mil, segundo as investigações da Polícia Civil.
A Polícia Federal descobriu a rede de traficantes a partir da perícia no celular de Cristian após sua execução.
Esse e outros dois celulares "entregaram" uma rede de tráfico que conta com o apoio de policiais civis de Mato Grosso do Sul e policiais militares de São Paulo, especialmente na cidade de Rosana, na divisa com Mato Grosso do Sul e Paraná.
As mensagens nos celulares indicavam o uso de caminhões de agroindústrias para transportar cocaína escondida em compartimentos secretos.
Os caminhoneiros utilizavam um estabelecimento comercial no Bairro Tiradentes, em Campo Grande, um posto de gasolina abandonado ou até mesmo um posto movimentado na BR-163, na saída para São Paulo, para embarcar a cocaína sob os pallets com óleo de soja.
Um transporte malsucedido de cocaína do MS para SP, organizado pelo PCC, destaca a importância do estado como centro logístico do tráfico.
Em fevereiro deste ano, em Dourados, Eliston Aparecido Pereira da Silva foi assassinado por falhar no envio de 200 kg de cocaína, apreendidos pela polícia em julho de 2022. Eliston, operador de transporte do tráfico, pagou com a vida pelo erro.
A cocaína, vinda de Ponta Porã, foi dividida entre Dourados e Campo Grande. Em Campo Grande, Thiago Brumatti Palermo e Marcelo dos Santos Vieira foram brutalmente assassinados pelo PCC após tentarem trocar a droga por gesso e massa corrida.
Thiago foi enforcado e queimado, enquanto Marcelo foi queimado vivo, ambos vítimas do "tribunal do crime".
Em Dourados, a polícia agiu rapidamente e prendeu, à época, dois pistoleiros do PCC envolvidos na execução de Eliston. Os criminosos deixaram pistas que facilitavam a investigação.
A vítima foi assassinada em sua Fiat Toro após deixar seu cachorro em um pet shop. Apesar de um tiroteio com a namorada de Eliston, os pistoleiros escaparam, mas foram posteriormente identificados e presos.
Dois dos executores, Ígor Granco Ortiz e Fábio Armindo Cabral Irala, foram presos ao chegarem em São Paulo e transferidos para Dourados.
A investigação continua, a polícia, porém, mantém a tese de que o PCC mantém uma operação ativa na rota do Paraguai para a Região Sudeste e portos, com membros vivendo vidas aparentemente normais em bairros de classe média.
Fonte: Correio do EstadoOs moradores de qualquer cidade de Mato Grosso do Sul, inclusive da capital, Campo Grande, podem estar muito mais próximos da realidade de países como México e Colômbia retratada em séries de narcotraficantes das plataformas de streaming do que imaginam.
As investigações revelam chefões do tráfico de cocaína tramando execuções, membros de organizações criminosas eliminando traidores e "queimando arquivos".
O Correio do Estado teve acesso a várias investigações sigilosas conduzidas pela Polícia Federal e pelo Grupo de Atuação Especial na Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).
As informações mostram que, entre os traficantes que operam em Mato Grosso do Sul, estão pessoas de classe alta, policiais do estado e de estados vizinhos, além de indivíduos infiltrados em empresas de boa reputação.
Esses traficantes usam caminhões aparentemente legítimos, de empresas como distribuidoras de óleo de soja, bebidas e produtos do agronegócio, para transportar cocaína para grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro.
As investigações também mostram uma mudança significativa: os traficantes estão trocando a maconha pela cocaína.
Consequentemente, as punições contra aqueles que perdem suas cargas em apreensões têm sido mais severas, com muitos pagando com a vida, uma vez que os carregamentos de cocaína têm um grande valor financeiro.
As operações deflagradas neste ano têm revelado a complexidade das organizações de tráfico na sociedade local. Na Operação Snow, deflagrada pelo Gaeco em 21 de março, pelo menos três policiais civis foram investigados ou denunciados por envolvimento com uma quadrilha de traficantes.
Entre eles estavam Célio Rodrigues Monteiro, de Campo Grande, e Anderson César dos Santos Gomes e Hugo César Benites.
Esses policiais estavam supostamente ligados a um grupo que enviava drogas para São Paulo, Rio de Janeiro e possivelmente outros países via portos paulistas e cariocas.
Os carregamentos de cocaína eram transportados de Mato Grosso do Sul para São Paulo em caminhões de empresas de distribuição de bebidas.
Um dos líderes do grupo, Douglas Lima de Oliveira Santander, conhecido como Dodô, está sendo acusado de homicídio doloso pela execução de Cristian Alcides Lima Ramires, ocorrida em 21 de outubro de 2022.
Outro réu pelo mesmo assassinato é Christian Queiroz de Oliveira, que veio do Rio de Janeiro exclusivamente para realizar a execução mediante pagamento de R$ 4 mil, segundo as investigações da Polícia Civil.
A Polícia Federal descobriu a rede de traficantes a partir da perícia no celular de Cristian após sua execução.
Esse e outros dois celulares "entregaram" uma rede de tráfico que conta com o apoio de policiais civis de Mato Grosso do Sul e policiais militares de São Paulo, especialmente na cidade de Rosana, na divisa com Mato Grosso do Sul e Paraná.
As mensagens nos celulares indicavam o uso de caminhões de agroindústrias para transportar cocaína escondida em compartimentos secretos.
Os caminhoneiros utilizavam um estabelecimento comercial no Bairro Tiradentes, em Campo Grande, um posto de gasolina abandonado ou até mesmo um posto movimentado na BR-163, na saída para São Paulo, para embarcar a cocaína sob os pallets com óleo de soja.
Um transporte malsucedido de cocaína do MS para SP, organizado pelo PCC, destaca a importância do estado como centro logístico do tráfico.
Em fevereiro deste ano, em Dourados, Eliston Aparecido Pereira da Silva foi assassinado por falhar no envio de 200 kg de cocaína, apreendidos pela polícia em julho de 2022. Eliston, operador de transporte do tráfico, pagou com a vida pelo erro.
A cocaína, vinda de Ponta Porã, foi dividida entre Dourados e Campo Grande. Em Campo Grande, Thiago Brumatti Palermo e Marcelo dos Santos Vieira foram brutalmente assassinados pelo PCC após tentarem trocar a droga por gesso e massa corrida.
Thiago foi enforcado e queimado, enquanto Marcelo foi queimado vivo, ambos vítimas do "tribunal do crime".
Em Dourados, a polícia agiu rapidamente e prendeu, à época, dois pistoleiros do PCC envolvidos na execução de Eliston. Os criminosos deixaram pistas que facilitavam a investigação.
A vítima foi assassinada em sua Fiat Toro após deixar seu cachorro em um pet shop. Apesar de um tiroteio com a namorada de Eliston, os pistoleiros escaparam, mas foram posteriormente identificados e presos.
Dois dos executores, Ígor Granco Ortiz e Fábio Armindo Cabral Irala, foram presos ao chegarem em São Paulo e transferidos para Dourados.
A investigação continua, a polícia, porém, mantém a tese de que o PCC mantém uma operação ativa na rota do Paraguai para a Região Sudeste e portos, com membros vivendo vidas aparentemente normais em bairros de classe média.